Como funciona o Lucro Presumido?

Entender o regime de Lucro Presumido pode parecer complicado num primeiro momento, mas a verdade é que, com uma explicação clara e direta, qualquer empresário ou autônomo consegue compreender se esse modelo é o mais vantajoso para o seu negócio. Se você tem dúvidas sobre como funciona, quando vale a pena e quais impostos estão envolvidos, chegou ao lugar certo. Aqui vamos te mostrar tudo com exemplos, listas e uma linguagem acessível, sem enrolação.

O que é o Lucro Presumido?

O Lucro Presumido é um regime tributário simplificado criado pela Receita Federal do Brasil para facilitar a vida de empresas que não desejam ou não conseguem optar pelo Lucro Real. Ele é voltado principalmente para empresas de médio porte, com faturamento anual de até R$ 78 milhões.

Nesse modelo, o governo “presume” quanto a empresa lucrou com base em uma porcentagem sobre a receita bruta, de acordo com a atividade exercida. A partir dessa presunção, calcula-se os principais impostos federais: o IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).

Como é feita essa presunção de lucro?

A Receita Federal define uma margem de lucro estimada com base na atividade da empresa. Veja alguns exemplos práticos:

  • Comércio: 8% da receita bruta

  • Indústria: 8% da receita bruta

  • Serviços em geral: 32% da receita bruta

  • Transporte de cargas: 8%

  • Transporte de passageiros: 16%

  • Serviços hospitalares e de educação: 12%

Se uma empresa de serviços fatura R$ 100.000 no mês, presume-se que ela teve um lucro de R$ 32.000. Esse valor é usado como base para calcular os impostos.

Quais impostos são pagos no Lucro Presumido?

Nesse regime, os tributos principais são:

  • IRPJ: 15% sobre a base de cálculo presumida, mais 10% adicionais para lucros acima de R$ 20.000 mensais

  • CSLL: 9% sobre a base presumida

  • PIS: 0,65% sobre o faturamento

  • Cofins: 3% sobre o faturamento

  • ISS: varia de 2% a 5%, dependendo da cidade e da atividade

  • ICMS (em casos de comércio e indústria): conforme a legislação estadual

Ou seja, além dos impostos sobre o lucro, também são pagos tributos sobre o faturamento, o que torna essencial fazer contas para saber se o Lucro Presumido é realmente vantajoso.

Vantagens do Lucro Presumido

Esse regime tem uma série de benefícios para as empresas. Veja os principais:

  • Cálculo simplificado dos tributos

  • Previsibilidade no pagamento de impostos

  • Menor obrigação acessória comparado ao Lucro Real

  • Não exige apuração contábil mensal do lucro real

  • Indicado para empresas com margens de lucro maiores que as presumidas

Quem presta serviços com uma margem de lucro superior a 32%, por exemplo, pode pagar menos imposto do que pagaria no Lucro Real.

Desvantagens do Lucro Presumido

Apesar de parecer vantajoso, esse regime tem algumas limitações que devem ser avaliadas:

  • Base de cálculo pode ser maior que o lucro real da empresa

  • Não permite compensação de prejuízos fiscais

  • Tributação acontece mesmo que a empresa esteja no prejuízo

  • Não é vantajoso para empresas com margens de lucro menores que as presumidas

Se a empresa tiver despesas operacionais muito altas, o Lucro Presumido pode se tornar uma armadilha e fazer com que se pague imposto mesmo sem lucro real.

Quem pode optar pelo Lucro Presumido?

Podem aderir empresas com faturamento anual de até R$ 78 milhões. Estão incluídas:

  • Comércio varejista e atacadista

  • Indústrias de pequeno e médio porte

  • Escritórios de contabilidade, advocacia e arquitetura

  • Clínicas médicas e odontológicas

  • Transportadoras

  • Escolas e instituições de ensino particulares

Mas atenção: algumas atividades específicas, como instituições financeiras, factoring e empresas com lucros no exterior, estão proibidas de aderir.

Qual o prazo para optar por esse regime?

A escolha deve ser feita no início de cada ano-calendário, geralmente até o último dia útil de janeiro. Depois de feita, vale para o ano todo. A mudança só pode ser feita no próximo exercício fiscal.

Lucro Presumido x Lucro Real: qual escolher?

A decisão entre Lucro Presumido e Lucro Real depende de vários fatores, como a margem de lucro, volume de despesas, complexidade contábil e possibilidade de incentivos fiscais.

Veja um comparativo básico:

Critério Lucro Presumido Lucro Real
Base de cálculo Receita com presunção Lucro contábil
Apuração Trimestral Trimestral ou anual
Obrigações acessórias Menores Maiores
Controle contábil Simplificado Detalhado
Ideal para Empresas com lucro alto Empresas com despesas altas

É fundamental ter uma contabilidade de confiança para simular os dois cenários e identificar qual opção gera menos impostos e mais segurança fiscal.

Como fazer a escrituração no Lucro Presumido?

Mesmo com obrigações reduzidas, é necessário manter alguns controles contábeis básicos:

  • Livro Caixa (quando permitido)

  • Livro Diário e Livro Razão

  • Escrituração Fiscal Digital (EFD Contribuições)

  • Declarações como DCTF, EFD-Reinf e DIRF

  • Emissão de notas fiscais regulares

O contador tem um papel fundamental na organização desses documentos e na entrega de todas as obrigações no prazo correto.

Quando o Lucro Presumido vale a pena?

Esse regime é ideal quando a margem de lucro da empresa é superior à presunção aplicada pela Receita. Também é vantajoso quando a contabilidade quer ser simplificada, sem tantas obrigações burocráticas.

Casos em que vale muito a pena:

  • Profissionais liberais com alto faturamento

  • Empresas com poucos custos fixos

  • Prestadores de serviços que operam com baixa inadimplência

  • Negócios que não têm despesas dedutíveis expressivas

Segundo dados da Receita Federal, mais de 2 milhões de empresas no Brasil optam pelo Lucro Presumido, o que mostra sua ampla aceitação no mercado.

O Lucro Presumido é uma opção atrativa para muitos empreendedores, mas não serve para todo mundo. Entender como ele funciona, os percentuais usados, os impostos cobrados e as regras da Receita ajuda a tomar uma decisão mais segura. Sempre que possível, converse com um contador experiente, simule cenários e avalie o impacto fiscal real no seu negócio. Escolher o regime errado pode pesar no bolso e trazer dores de cabeça com o Fisco.