Nova classe social no Brasil: A, B, C, D, E e F?

Existe uma nova letra surgindo na divisão de classes sociais no Brasil? Se você anda ouvindo por aí sobre a “classe F” e não sabe se é meme, realidade ou alguma classificação oficial, fica aqui que vamos destrinchar esse tema de forma clara, com linguagem direta e acessível. Afinal, o Brasil está mudando rápido e a discussão sobre as classes sociais precisa acompanhar essa transformação.

Por décadas, a divisão A, B, C, D e E definiu o padrão de consumo e renda da população. Mas nos últimos anos, especialmente após crises econômicas, pandemia, alta da informalidade e avanço da desigualdade, surgiu a ideia de que talvez as antigas classificações já não deem mais conta da realidade atual.

Como funciona a divisão tradicional de classes sociais no Brasil

Antes de entender a polêmica da suposta “classe F”, é importante lembrar como funcionava a divisão:

Classe A

É a elite econômica. Pessoas que ganham acima de 20 salários mínimos por mês. Costumam ter acesso a bens de luxo, imóveis de alto padrão, ensino particular, plano de saúde premium, viagens internacionais e uma vida com conforto e estabilidade.

Classe B

Classe média alta. Renda entre 10 e 20 salários mínimos. Tem acesso a bons serviços, educação de qualidade, financiamento de imóveis e carros. Geralmente, estável financeiramente, embora mais vulnerável do que a A.

Classe C

É a famosa “nova classe média”, que cresceu nos anos 2000. Ganha entre 4 e 10 salários mínimos. Consome bastante, principalmente por meio de crédito. Costuma parcelar para conquistar bens e tenta manter algum padrão de conforto.

Classe D

Renda entre 2 e 4 salários mínimos. Essa classe está em uma zona de risco: tem acesso a poucos serviços, depende de programas sociais e sente diretamente o impacto da inflação nos preços dos alimentos e transporte.

Classe E

É a base da pirâmide. Ganha até 2 salários mínimos. Alta dependência de políticas públicas, trabalho informal ou desemprego, habitação precária e dificuldades básicas como alimentação, saúde e educação.

Mas afinal: o que é a classe F?

A “classe F” não é uma categoria oficial usada pelo IBGE ou pelos principais institutos de pesquisa de renda no Brasil, como a FGV ou o Datafolha. No entanto, esse termo começou a ser usado informalmente nos últimos anos por sociólogos, economistas, jornalistas e até nas redes sociais para tentar descrever uma parcela da população que está ainda abaixo da classe E.

São pessoas que:

  • Vivem com menos de meio salário mínimo por mês

  • Estão em situação de extrema pobreza

  • Dependem quase 100% de ajuda do governo (como Auxílio Brasil, Bolsa Família, etc.)
  • Estão em condição de rua ou habitação altamente precária

  • Sofrem com fome, não têm acesso ao mínimo para viver com dignidade
  • Trabalham em bicos totalmente informais ou nem conseguem trabalhar

Por que falar em classe F agora?

O termo “classe F” surgiu como uma forma de escancarar a desigualdade social cada vez mais visível no Brasil. Após a pandemia, a inflação disparou, o desemprego cresceu e os salários ficaram congelados. Muitas famílias da antiga classe D ou E caíram para uma condição ainda pior.

Em números reais, milhões de brasileiros vivem com menos de R$ 500 por mês, o que os coloca abaixo até mesmo da linha de pobreza. Isso não estava contemplado nas divisões tradicionais. Daí, surgiu essa nova referência, ainda que não seja reconhecida oficialmente.

Consequências sociais dessa nova realidade

O aparecimento dessa “classe F” impacta várias áreas:

1. Educação

Crianças da classe F abandonam a escola com mais frequência por falta de acesso à internet, transporte ou até por precisarem trabalhar cedo para ajudar a família.

2. Saúde

A ausência de plano de saúde, alimentação adequada e saneamento básico compromete totalmente o bem-estar dessa população.

3. Habitação

A classe F geralmente mora em áreas de risco, ocupações, barracos improvisados, sem qualquer segurança estrutural.

4. Mercado de trabalho

A informalidade impera. Muitas pessoas vivem de catadores de recicláveis, faxinas ocasionais, pequenos serviços ou até mendicância. Não existe estabilidade, férias, 13º ou INSS.

5. Consumo

Essa nova camada não consome quase nada além do necessário para sobreviver. Produtos industrializados, eletrodomésticos ou serviços básicos estão fora da realidade.

Existe solução para essa nova desigualdade?

Para reverter esse cenário, não basta só renomear a pobreza como “classe F”. É necessário investimento sério em políticas públicas, educação, saúde e geração de emprego com renda digna.

Algumas medidas que especialistas apontam como essenciais:

  • Reforma tributária justa, que reduza o peso de impostos sobre os mais pobres
  • Ampliação de programas de transferência de renda com acompanhamento social
  • Investimento em creches, educação básica e ensino técnico gratuito

  • Combate à informalidade com programas de incentivo para pequenos empreendedores
  • Criação de postos de trabalho locais, com obras públicas, serviços comunitários e cooperativas

A invisibilidade da pobreza extrema

O surgimento da classe F traz um alerta importante: existe uma multidão de pessoas que nem sequer estão incluídas nas estatísticas.

Alguns fatores contribuem para essa invisibilidade:

  • Falta de endereço fixo, o que dificulta cadastro em programas sociais
  • Pessoas que não têm documentos
  • Falta de acesso à internet, dificultando até saber que existem benefícios disponíveis
  • Vergonha ou medo de procurar ajuda

Muitas vezes, essa população “desaparece” do mapa. E por isso o debate sobre a classe F é tão necessário, mesmo que ainda não exista oficialmente.

Críticas sobre essa nova classificação

Alguns estudiosos e ativistas sociais rejeitam o uso do termo “classe F”, alegando que ele pode reforçar o estigma sobre os mais pobres. Para eles, o importante não é criar mais uma letra, e sim enfrentar as causas da pobreza estrutural no país.

Outros, por outro lado, acham que dar nome à situação ajuda a mobilizar a opinião pública e pressionar os governantes a agir.

No fim das contas, mais importante que a letra é entender que o Brasil está enfrentando um abismo social cada vez mais profundo. Reconhecer essa realidade é o primeiro passo para combatê-la.

Como saber em qual classe social você está?

Se você está se perguntando onde se encaixa, dá pra fazer uma análise simples baseada na renda familiar mensal:

  • Some os salários e rendimentos de todos que moram na mesma casa
  • Veja a faixa de renda:

Classe A: mais de R$ 24.000 por mês
Classe B: entre R$ 10.000 e R$ 24.000
Classe C: entre R$ 4.000 e R$ 10.000
Classe D: entre R$ 2.000 e R$ 4.000
Classe E: até R$ 2.000
Classe F (não oficial): menos de R$ 600 ou sem renda estável

Essa divisão é apenas uma referência e varia conforme região, custo de vida local e perfil da família. Mas ajuda a dar uma ideia.

A criação da “classe F” é um reflexo de uma realidade que está à margem das pesquisas e dos debates. Mais do que um rótulo, ela escancara a urgência de agir. O Brasil precisa reverter esse cenário com coragem, empatia e políticas públicas que incluam todos.

Enquanto isso, é fundamental falar sobre o assunto, entender como chegamos até aqui e pressionar por soluções que diminuam a desigualdade, ampliem oportunidades e respeitem a dignidade de cada cidadão, independentemente da letra que represente sua classe.