No uso da língua portuguesa, é comum surgirem dúvidas em relação a determinadas expressões e construções gramaticais. Uma dessas dúvidas frequentes é sobre o uso correto de “se faz necessário” ou “faz-se necessário”. Afinal, qual dessas formas está correta? E mais importante: quando e como usá-las corretamente? Este guia vai esclarecer essas questões de forma simples e objetiva.
O que é a Próclise, Ênclise e Mesóclise?
Antes de mergulharmos diretamente na resposta sobre qual forma é correta, é essencial entender alguns conceitos gramaticais fundamentais que regem o uso do pronome “se” nas construções verbais. São eles: próclise, ênclise e mesóclise.
- Próclise: O pronome átono aparece antes do verbo. Exemplo: “Não se deve faltar à reunião.”
- Ênclise: O pronome átono aparece depois do verbo. Exemplo: “Convidaram-se todos os colegas.”
- Mesóclise: O pronome átono é inserido no meio do verbo. Exemplo: “Convidar-se-á todos os colegas.”
Entendendo o Verbo Fazer
O verbo “fazer”, quando usado em algumas construções, exige uma atenção especial, pois ele pode alterar a colocação do pronome “se”. O verbo “fazer”, por ser transitivo direto, em algumas situações, não permite o uso do pronome reflexivo “se” antes dele, o que seria a próclise.
No entanto, quando o verbo “fazer” é utilizado em construções que indicam impessoalidade, como em “faz-se necessário”, o pronome “se” deve ser utilizado após o verbo, obedecendo à regra da ênclise.
Faz-se Necessário: A Construção Correta
Quando dizemos “faz-se necessário”, estamos empregando uma construção impessoal, onde o verbo “fazer” não se refere diretamente a uma pessoa ou coisa, mas sim a uma situação ou condição geral que é necessária. Por exemplo:
- “Faz-se necessário concluir o projeto até o fim do mês.”
- “Faz-se necessário que todos estejam presentes na reunião.”
Nesses exemplos, a impessoalidade está clara, e o uso da ênclise é obrigatório, posicionando o pronome “se” após o verbo “fazer”.
E Quanto ao “Se Faz Necessário”?
Embora muitos falantes utilizem a expressão “se faz necessário”, ela não está correta do ponto de vista gramatical, principalmente em contextos formais. A confusão ocorre porque as pessoas tendem a aplicar a próclise indevidamente nesse caso, já que “se” é um pronome átono que frequentemente aparece antes dos verbos em várias outras construções da língua portuguesa.
Contudo, como mencionamos anteriormente, o verbo “fazer” em construções impessoais exige o uso da ênclise, ou seja, o correto é “faz-se necessário” e não “se faz necessário”.
Exemplos de Uso Correto e Incorreto
Para que essa explicação fique ainda mais clara, veja abaixo uma lista de exemplos que mostram o uso correto e incorreto dessa expressão.
Correto:
- “Faz-se necessário revisar todos os documentos.”
- “Faz-se necessário uma reavaliação do projeto.”
- “Faz-se necessário atenção aos detalhes.”
Incorreto:
- “Se faz necessário revisar todos os documentos.”
- “Se faz necessário uma reavaliação do projeto.”
- “Se faz necessário atenção aos detalhes.”
Por Que as Pessoas Usam “Se Faz Necessário”?
A popularidade do uso incorreto de “se faz necessário” pode ser atribuída ao modo como as pessoas internalizam certas construções gramaticais durante o aprendizado da língua. A próclise, ou seja, a colocação do pronome “se” antes do verbo, é uma das formas mais comuns na língua portuguesa e, por isso, há uma tendência natural de utilizá-la indiscriminadamente.
Além disso, no português coloquial, há uma maior flexibilidade nas regras gramaticais, o que faz com que muitas pessoas não percebam o erro ao usar “se faz necessário” em vez de “faz-se necessário”.
A Importância da Norma Culta
Em contextos formais, como em redações, textos acadêmicos ou discursos públicos, é fundamental seguir as regras da norma culta da língua portuguesa. O uso correto das expressões e construções gramaticais não só demonstra domínio da língua como também passa uma imagem de profissionalismo e credibilidade.
Portanto, entender quando e como utilizar “faz-se necessário” em vez de “se faz necessário” é crucial para manter a correção gramatical em textos e falas mais formais.
Outras Construções Gramaticais que Geram Dúvidas
Assim como “faz-se necessário” e “se faz necessário”, existem outras construções gramaticais que também causam dúvidas frequentes entre os falantes de português. Algumas delas incluem:
- “Haverá” vs “Haverão”: O correto é “haverá”, independentemente do sujeito ser singular ou plural, já que o verbo “haver” no sentido de existir é impessoal.
- “Entre eu e você” vs “Entre mim e você”: O correto é “entre mim e você”, pois o pronome pessoal “eu” não pode ser usado após preposições.
- “Menos” vs “Menas”: “Menas” não existe na língua portuguesa. O correto é sempre “menos”.
Essas construções, assim como “faz-se necessário”, exigem atenção ao detalhe e conhecimento das regras gramaticais para evitar erros.
Dicas Para Evitar Erros na Língua Portuguesa
Se você quer melhorar sua escrita e evitar erros gramaticais, siga essas dicas:
- Estude as regras gramaticais: Conhecimento é poder. Quanto mais você souber sobre as regras da língua, menos chances terá de cometer erros.
- Leia frequentemente: A leitura de textos bem escritos é uma excelente forma de internalizar o uso correto da gramática.
- Pratique a escrita: A prática leva à perfeição. Escreva frequentemente e peça feedback sobre seu uso da língua.
- Use ferramentas de correção gramatical: Existem diversas ferramentas online que podem ajudar a identificar e corrigir erros gramaticais em seus textos.
Saber quando utilizar “faz-se necessário” em vez de “se faz necessário” pode parecer um detalhe pequeno, mas faz toda a diferença em contextos formais. A atenção a esses detalhes gramaticais garante que sua comunicação seja clara, correta e profissional.
Ao compreender as regras que regem essa construção, você estará mais preparado para produzir textos de alta qualidade, que respeitem as normas da língua portuguesa e evitem erros comuns.